domingo, 29 de março de 2015

Redefinindo conceitos

Depois do ocorrido na última terca-feira, 24/03/2015 com o vôo da Germanwings entre Barcelona e Dusseldorf e a chocante indicação de que tenha o co-piloto Andreas Lubitz intencionalmente provocado a queda do avião, a tradicional investigação de acidentes aéreos tem tomado novos rumos, muito mais na direção da psicologia ou psiquiatria e das politicas de RH das companhias aéreas do que propriamente da busca de causas técnicas.

Este foco, por incrível que pareça, assusta muito mais que uma complexa e inesgotável investigação técnica, que ha de ser feita no caso, mas que não será o centro das atenções. E por mais complexa e demorada que seja, graças ao estado dos destroços, nem de longe atingirá o grau de profundidade que a questão psicológica e suas novas nuances terão.

E a razão para isso é assustadora: por mais desafiante que seja uma questão técnica, ela sempre se extinguirá nas possibilidades tecnológicas, matematicamente, ao passo que aspectos de ordem emocional e psicológico beiram o imponderável e o imprevisível, independendo de sequências de erros humanos ou falhas técnicas.

Isso assusta porque nos últimos tempos nos acostumamos a ver a tecnologia como uma deusa responsável por nosso bem estar e felicidade. O elemento humano há muito vem sendo relegado a um segundo e menos importante plano. Esquecemos que quem maneja aqueles complexos sistemas tecnológicos são pessoas que podem ter suas fragilidades, indetectáveis pelos modernos modelos de gestão empresarial.

Entendemos isso porque em muitas áreas da atividade humana um elemento emocional mal encaixado pode ser facilmente substituído. Mas, em certas áreas, quando isso ocorre, as consequências podem ser desastrosas.

Talvez seja essa a pior constatação a que estejam todos os envolvidos chegando. Esperemos que, assim como as fabricantes das aeronaves realizam modificações em seus projetos após constatarem que determinado dispositivo contribuiu para a ocorrência dos acidentes, também as questões envolvendo os atores humanos e suas falhas recebam mais atenção nos próximos anos.

terça-feira, 3 de março de 2015

Desapertos da vida

Hoje rolaram nas redes várias imagens de uma moça que teve uma diarreia súbita e foi obrigada a aliviar-se na pista de dança mesmo de uma casa noturna.

Cômico, se não fosse trágico, pois abalou a moral da menina, bem bonita, por sinal. Talvez seja este contraste entre a boa aparência da senhorita e o tabu de cagar em público o que tenha dado o tom inusitado ao fato. Afinal, uma coisa não combina com a outra, né?


Isso me fez lembrar uma história contada pelo meu pai, quando eu era criança, sobre um fato semelhante ocorrido com ele; era o ano de 1960, mais ou menos e ele morava numa comunidade agrícola, na colônia mesmo; as chances de um rapaz de 20 anos se divertir com moças eram raras e uma vez por ano todos vestiam suas melhores roupas para participar da festa em honra ao padroeiro da localidade; durante dois dias as pessoas dançavam em bailes, comiam melancias e faziam o trotoir na praça, rapazes e moças, esperançosos de causarem a melhor impressão e, quem sabe, conseguir um namoro que lhes facilitasse a lida rural do ano seguinte.

Nesse contexto, estava meu velho e um grupo de amigos e amigas, todos na faixa dos 17-20 anos; os rapazes de terno e gravata, as moças em seus vestidos mais vistosos; davam voltas em torno da praça central, sol a pino, tendo sido a última refeição do meu pai uma grande e suculenta melancia quente, graças aos minguados trocados que levava no bolso; não precisou muito para a doçura da fruta em pleno verão causar um tsunami nas suas tripas e uma pontada de dor no baixo ventre anunciar a chegada expressa de um jato de merda, inviabilizando qualquer medida preventiva ou que evitasse a tempo a tragédia.

Num átimo, só teve tempo de abaixar as calças e, ali mesmo, em meio as moçoilas apavoradas, ejetar toda aquela massa fétida ao solo; os amigos que, na época, eram de verdade, cercaram-no virados de costas e construíram uma barreira à sua humilhação, bem como as moças.

Desnecessário dizer que suas pretensões amorosas terminaram ali e sua honra só veio a ser lavada (bem depois das calças), quase 10 anos depois ao se casar com minha mãe, que à época destes fatos tinha apenas dez anos de idade e estava imune a vergonha.

Enfim, ninguém está livre de uma mancha em sua vida e quem conhece o meu pai, homem honrado e orgulhoso, sabe como isso é verdade!

Muito engraçado!