quinta-feira, 21 de março de 2013

Miojo, molho de tomate, disenteria e muito sexo!


Não sou do tipo que chama atenção pelo porte físico ou coisa parecida. Já passei dos quarenta, meus cabelos me abandonaram há uns 07 ou 08 verões e minha protuberante barriga denota o grande sucesso que tive na arte de comer e beber. Minhas rugas procedem da total falta de credibilidade em protetor solar (esse troço não é coisa de homem sério!) aliada a centenas de noites que fiquei sem dormir na expectativa de não ir para casa sozinho.

Bom. Esse sou eu. Ainda bem que para caras como eu (pôrra! Tem um monte desses pôr ai) existem os desmanches. O que é um desmanche?

Bem, na mesma proporção de caras como eu, existem mulheres com características semelhantes. Se não são carecas, tem cabelos mal cuidados, se a barriga não é tão grande quanto a minha, tem lá aquela coisa instalada ali na frente. Ruga então?! Puta que o pariu! Não quero falar disso. Voltando ao assunto, um desmanche é um local onde se tem música, bebida, um globo vagabundo rodando no teto, banheiro mal cuidado, etc. O local tem que ser escuro porque, sinceridade: Com muita luz acho que ninguém "pegaria" ninguém.

A balada que sempre vou (não vou chamar de desmanche as mulheres se ofendem pois há quem diga que estes locais tem estes nomes porque as "princesas" que freqüentam o local desmancham em um toque) fica perto da minha casa, pois não tenho carro e, se arrumo alguma coisa dá para ir a pé até o meu apartamento.

Coloquei minha roupa de passeio, quinzão no bolso (cinco para entrar e o resto para beber e comer um cachorro quente na hora de ir embora) e fui para a caçada. Dancei forró, pagode, lenta (não sei nem como se chama hoje em dia estas músicas de se dançar juntos, eu falo lenta e acabou!) com umas dez mulheres diferentes.

Já passava das quatro da madruga, eu já num prego do cacete, achando que ia ter de acabar mais uma noite sozinho, deparei-me com uma gata.

Não fui agraciado com beleza mas, papo, bom, papo eu tenho. E como!!! Aproximei-me. Era um loira com uma calça preta com listas amarelas (estas calças de ir em academia), uma bota que imitava couro de cobra, um salto bem alto, o cano da bota ia até os joelhos, o que dificultava um pouco os movimentos da "mocinha". Sua blusa era toda cheia de umas coisas brilhantes (não sei o nome destes troços), bem vermelha. Não sei se é moda, mas, tudo bem, eu não tava procurando ninguém para ser modelo e, sim, tirar o meu atraso.

Encostei do lado e comecei a jogar meu charme.

Nem precisei conversar muito. Cinco minutos de conversa e já aceitou ir até minha casa. Eu também aceitaria no lugar dela, pois o primeiro ônibus que ia até a direção da sua casa só passaria a partir das sete da manhã. Fomos caminhando até meu apartamento. Quando passávamos por luzes fortes podia ver com mais clareza seu rosto.

Amigo, se você tem menos de dezesseis anos e/ou estômago fraco, aconselho interromper a leitura a partir deste momento, pois daqui para frente a coisa começa a ficar quente.

Tinha mais rugas que meu saco, já não sabia se era loira ou morena. Quero dizer, era morena pois o cabelo estava, do ombro para baixo, loiro e, para cima, moreno. Segundo ela, a próxima grana que ganhar de diarista vai dar um jeito no cabelo.

Sinceridade: a dona era até gostosa, mas feia pra caralho, mas, porra, eu não queria ela para bater foto, além do mais, não aguentava mais ficar só na punheta. Precisava comer uma mulher, nem que fosse ela. Abri a porta do meu apartamento e já fui beijando e socando a mão em tudo quanto é lugar. Aí, como toda mulher faz, começou: - Pára com isso! Que é que vocë tá pensando!? - Tudo bem. Todos nós passamos por isso, até as feias tem direito àquelas frescuras do início.

Dei mais um beijão e já coloquei a mão no bolso e peguei umas balas. Compreensível, quatro horas da manhã, fumando, bebendo, qualquer um fica com bafão na boca. Como toda mulher que você põe no carro ou leva para seu apartamento (até as feias são assim!!) já começou com aquele papinho: - Acho que está na hora de ir embora - Puta que o pariu, a gente tem que passar por isso...

Tudo bem, tô ali, de pau duro, prontinho, e tem que ter esta fase!!

Bom, fiz minha parte. Conversava um pouco, beijava um pouco, passava a mão, pegava a mão dela e colocava em cima da minha calça, sabe como é, todo aquele ritual básico. Passados longos dez minutos desta interminável lenga lenga, a Marta (este não é o nome real ), deixou eu tirar sua blusa.

Quando tirei a blusa, encontrei um enorme obstáculo: estas cintas que apertam o corpo para tampar um pouco a gordura. Tirei aquele troço. Meu Deus!!

Acreditem: O cheiro que saiu dali de baixo, se minha tara não fosse do tamanho do Pão de Açúcar, eu teria brochado, mas achei até compreensível afinal, ficar a noite toda dançando com aquele negócio quente enrolado no corpo, não podia dar em outra coisa.

Passados uns cinco minutos meu nariz já havia se acostumado com o cheiro. Pra quem já tinha beijado a boca fedendo a cigarro, um CC não ia matar.

Tirei o corpete (foi assim que ela chamou o negócio) e comecei a chupar os peitos. Tava meio salgado, quero dizer, tava bem salgado, mas, vamos lá, era para comer mesmo! Que mal tinha estar temperado?!?! Fiquei ali chupando aquela coisa flácida por uns cinco minutos até que finalmente a Marta pegou no meu pau.

Tinha, finalmente, quebrado a barreira entre o "acho que vou embora" e o "acho que vou te dar".

Começamos então a fase final. Ela com a mão no meu pau e eu com a mão na sua xoxota (fica bonitinho este nome!!).

Não deu dois minutos de dedinho e já veio com aquela outra famosa: - Eu quero! Eu quero! - como se não quisesse desde o começo mas, tudo bem, respeito. Se não respeita, fica com fama de insensível e...bom, deixa para lá, vamos ao que interessa.

Como todo bom cavalheiro, tirei a mão de lá e coloquei no nariz para "reconhecer o gramado". Sinceridade, minha sorte que meu pinto não tem nariz, se tivesse, acho que não encararia a parada.

Começamos a nos despir.

Fui abaixar sua calça e me deparei com as botas: Preciso comentar do cheiro que saiu de dentro das botas??? Se tivesse lugar, poderia jurar que ela escondeu um gato morto em cada pé.

Pensei em dar a primeira tomando um banho, talvez melhorasse um pouco as condições. Fomos até o banheiro e, para variar, estava sem água... paciência! Tava louco para dar uma trepada. Meu pau já tava ardendo, as bolas começando a doer....

Comi ali mesmo dentro do banheiro (Sim. Usei camisinha!!!).

Comecei sentado na privada, depois encostei a Marta na parede do banheiro e peguei ela por traz. Pra não gozar muito rápido, fiquei contando quantas bolas de celulite ela tinha na bunda. Quando chegou na vinte e cinco, ela pediu para mudar de posição, eu estava tão empolgado com a minha estatística que nem percebi que ela batia a cabeça na parede com força e acho que já tava machucando.

Fomos para o corredor do apartamento (no banheiro não tem espaço para ficar deitado). Dei umas bombadas ali e fomos terminar na cama.

Dei aquelas gozadas de arder o canal.. A Marta disse que gozou três vezes!!! (quem será que está mentindo eu ou a Marta???) Depois que gozei, tirei a camisinha, dei aquela conferida para ver se estavam todos ali, amarrei a ponta e joguei no lixo.

Entrei então naquela parte conhecida pelos homens como o cúmulo da eternidade (Cúmulo da Eternidade: Os minutos entre depois que você goza e a hora em que você leva a mulher embora).

Sinceridade: Com pinto mole não há a menor possibilidade de encarar a Marta!!!

Já nos preparativos finais para ir embora disse que estava com fome.

Meus quinzão já tinham ido para o espaço (As balas não foram de graça!!). Perguntou se não podia pedir uma pizza ou comer um cachorro quente.

Para não ficar feio para minha cara, ofereci-lhe para fazer algo para comermos. - Nossa que romântico!!!- Pronto!

Só faltava a baranga achar que gostei dela!!!

Fucei os armários e achei um Miojo. Na geladeira tinha uma destas latas de molho pronto de tomate que fazia uma semana que estava lá.

Fiz a gororoba. Tinha uns dois ou três tomates que só parti em quatro e coloquei junto para tirar aquele ar de anemia do prato.

Sentamos e comemos. Comi pouco, a Marta acho que fazia uma semana que não comia.

Não deveria ter colocado aquele molho. A Marta comeu um monte e começou a passar mal. Ficou com dor de barriga. Fiquei com um pouco de dó dela.

Dar uma cagão na casa de alguém que você acaba de conhecer, não é o "sonho" de nenhuma mulher.

Lá foi a Marta. Quase seis horas da manhã, nenhum barulho na rua, a porta do banheiro não fecha direito.

Sinceridade: Nunca uma mulher tinha ido ao banheiro perto de mim (para cagar!) e logo na estréia! Tive direito a show de efeitos sonoros. Aquele barulho de quando você acelera uma motoca velha, denunciava a forma "lïquida" que a coisa tava vindo. Minha TV queimada, o rádio meu irmão havia pego emprestado. Tive que ouvir a sinfonia do começo ao fim.

Ouvi quando ela tentou puxar a descarga (estava sem água, lembra???), quando tentou abrir a torneira para lavar a mão, ambos sem sucesso.

Veio então nossa heroína daquela batalha que achei não ter mais fim. Foram quinze minutos de barulhos de motoca e de água escorrendo.

Ela saiu do banheiro deixando lá toda a sua obra, deu uma cheirada na mão, esfregou-as e me abraçou.

Eu sabia que o cheiro que eu estava sentindo era do banheiro mas, eu tinha a sensação de que vinha da sua boca.

Dei-lhe minhas últimas balas. Aquelas mãos passando em meu rosto como quem quer fazer um carinho, não sei quanto tempo poderia aguentar.

Pegou no meu pau de novo, viu que estava mole e disse: - Vou levantar o bebê de novo. (bebê???) Abaixou minha calça e começou a me chupar. Sinceridade: Um boquete é sempre um boquete.

O danado, mesmo com todo aquele cheiro de enxofre no ar (ele não tem nariz, lembra???), ficou em pé de novo.

A moça então resolveu escancarar:

Começou a fazer um streap (nem sei escrever isso!!).

Preferia o boquete mas, tudo bem, vamos respeitar o ritual, para não parecer insensível.

A sala estava meio escura e ela, achando que estava realmente me agradando com aquelas incontáveis bolas de celulite (tinha parado na 25 lembra???), acendeu a luz.

Quando tudo ficou mais claro olhei para aquela bunda e pensei: Puta que pariu, a gorda tem um monte de espinha na bunda para ajudar.

Na verdade, para meu espanto ou alívio (já não sabia mais o que pensar), não eram espinhas. Eram algumas sementes do tomate que coloquei na macarronada. A desinteria deve ter escorrido por toda sua bunda e o papel higiênico não limpou tudo que podia e elas ficaram por ali grudadinhas.

Peguei minha cueca, dei uma cuspida, limpei em volta e comi a Marta de novo.

Sete horas da manhã a Marta pegou o ônibus e foi embora.

A água voltou as dez horas.

Não quero mais tocar neste assunto.


p.s. este texto me foi enviado há alguns anos e merece ser republicado; não conheço o autor.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Oktocopus Cerveja Artesanal no Cervejomaníacos


Nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2013, das 19 h até a meia-noite, foi realizado na sede da SACC, em Capão da Canoa, RS, o Cervejomaníacos, evento gastronômico e de degustação de cervejas especiais.

Como os leitores do blog devem saber, sou cervejeiro artesanal e também estava lá.

Estiveram presentes diversas marcas conhecidas de grandes cervejarias, bem como micro cervejarias regionais e de outros Estados. Mas o destaque ficou para a participação dos cervejeiros caseiros, conhecidos no meio especializado como homebrewers.

O espectro de estilos e variedades abrangidas foi dos mais amplos, desde cervejas mais leves até verdadeiros exemplos de complexidade e profundidade de sabores e aromas, mostrando a qualidade da cerveja produzida em pequena escala no RS, bem como o elevado nível de nossos produtores caseiros.

Micro cervejarias, como, Eisenbahn, Dado Bier, Baden Baden, Barley, Abadessa, Caverna dos Ogros, Lagom, Coruja, grupos cervejeiros como Cervasinos, Acerva Gaúcha e homebrewers renomados como Rube Beer, Oktocopous, Avião, Dudinka, Sinimbu, Babel, Santa Claus, entre muitos outros, ofereceram ao público presente amostras de cervejas de qualidade e incomparáveis às cervejas industrializadas, dando uma pequena idéia do universo a descobrir na cerveja artesanal.

Parabéns à organização do evento, na pessoa do Chef José Luiz de Souza e sua equipe.

Esperamos que a próxima edição seja de mais sucesso.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O PODER PARALELO QUE ABATEU O PAPA



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A face da Igreja, às vezes, é desfigurada. Penso em particular nos golpes contra a unidade da Igreja, as divisões no corpo eclesial. Por isso, Jesus denuncia a hipocrisia religiosa, o comportamento que deseja aparecer, os hábitos que procuram o aplauso e a aprovação
A voz é fraca, instrumento de um homem fisicamente pequeno. Deveria sumir no ambiente imponente, construído para lembrar aos mortais a sua insignificância diante dos desígnios divinos. Mas do majestoso altar erigido sobre o local onde está o túmulo do apóstolo Pedro, fundador da Igreja Católica, ecoa uma mensagem retumbante. E com ela, o mirrado orador recupera sua grandeza. Dois dias depois de assombrar o mundo com seu pedido de renúncia, Bento XVI, o pontífice octogenário novamente surpreendia, ao sacramentar, em plena missa de Quarta-Feira de Cinzas, 13 de fevereiro, na monumental Basílica de São Pedro, em Roma, a existência de uma guerra de poder nas fileiras do Vaticano. Seu próprio pontificado seria uma vítima desse bíblico confronto.
Ainda assim, Joseph Ratzinger em nada lembrava o homem pálido, de olhar pesado e cansado dos últimos dias. Suas palavras decididas denunciaram o governo paralelo que insistia em se instalar dentro da Santa Sé. Com a boa condição física que demonstrou durante toda a cerimônia, revelou que a alegação oficial de falta de vigor físico não foi a razão para abdicar ao trono de Pedro. Mais do que um gesto de reconhecimento das suas próprias limitações, a renúncia foi um ato político. Isolado dentro do Vaticano, Bento XVI optou por sair para derrubar, junto com ele, seus traidores e, assim, tentar recompor a instituição. Na última celebração como papa na Basílica, ele mostrou que, às vésperas de despir-se das vestes que o tornam um ser quase divino, um representante de Deus na Terra, é um humano mais forte e lúcido do que se supunha, assim como é humana a vingança que seu gesto pode impor àqueles que o traíram.
Manifestantes pelas vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes,em Los Angeles, neste mês: acusações contra a omissão de Bento XVI
O peso de sua retórica abalou os pilares do poder paralelo que agia à sua volta e fustigou as dezenas de car­deais presentes à celebração. "Ficamos sem palavras", declarou o cardeal Giovanni Lajolo, estupefato logo após a cerimônia. Mas, certamente, as fortes declarações do sumo pontífice tiveram um destinatário preferencial: Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano e segundo homem na hierarquia do atual pontificado. Amigo pessoal de Ratzinger, foi um dos religiosos que se tornaram mais poderosos quando o cardeal alemão foi empossado papa, em 2005. Em vez de aliado, o italiano se converteu em líder do processo de esvaziamento de poder que levou à renúncia de Bento XVI, uma possibilidade real para o religioso alemão já há alguns anos, asseguram pessoas próximas a ele, inclusive seu irmão mais velho, Georg.
O pontificado de Ratzinger começou a ruir quando seus assessores diretos passaram a boicotar suas iniciativas. Como seu projeto de "limpeza moral interna", por exemplo. O alemão chegou ao posto máximo da Igreja Católica com a intenção de promover uma varredura nos casos de abusos sexuais cometidos por religiosos, que vieram à tona às centenas pelo mundo desde o pontificado de João Paulo II. Mas suas decisões de punir os envolvidos com rigidez eram simplesmente ignoradas ou postergadas por anos. Exausto por não conseguir implementar suas iniciativas, o papa chegou a declarar que "havia muita sujeira na Igreja". À frente do grupo de assessores dissidentes estava o cardeal Bertone. Um dos episódios mais eloquentes do modus operandi de Bertone foi o afastamento do cardeal Carlo Maria Viganò da Cúria Romana. Viganò tentou romper a lei do silêncio imposta por uma verdadeira máfia que desviava verbas, fraudava licitações e tramava complôs contra o pontífice. Em uma carta entregue ao papa em outubro de 2011, ele denunciava o esquema de corrupção no Vaticano. Em represália, foi afastado de Roma e nomeado por Bertone como núncio apostólico nos Estados Unidos. Para evitar o confronto direto, Bento XVI optava por não questionar seu segundo na hierarquia. Até que perdeu o controle da situação.
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Se é possível precisar uma data em que o pontífice tomou a decisão extrema de se tornar o primeiro papa renunciante da era moderna - quase um tabu teológico para o 1,2 bilhão de católicos do mundo -, esta seria o dia 17 de dezembro de 2012. Na ocasião, três dos mais antigos cardeais, o espanhol Julián Herranz, o italiano Salvatore De Giorgi e o eslovaco Jozef Tomko, entregaram ao pontífice um novo relatório sobre o escândalo de vazamento de documentos oficiais do Vaticano, conhecido como Vatileaks. Após interrogar cerca de 30 pessoas sobre o caso, a seleta comissão informou ao religioso que havia na Cúria Romana uma grande resistência a mudanças e muitos obstáculos às ações pedidas pelo líder máximo para promover a transparência. Abatido, isolado e muito impressionado com o conteúdo dos relatórios, o alemão que, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé no pontificado de João Paulo II, era conhecido como "rottweiller de Deus", preferiu deixar o trono do apóstolo Pedro. "O ato do papa foi encorajado pela insensibilidade de uma cúria que, em vez de confortá-lo e apoiá-lo, apareceu, por diversos de seus expoentes, mais empenhada em jogos de poder e lutas fratricidas", afirmou em editorial o respeitado jornal italiano Corriere della Sera.
Nove meses antes do derradeiro relatório, quando passava férias na sua residência de verão, em Castelgandolfo, os mesmos emissários o haviam visitado em segredo. Então, descortinaram para Ratzinger a intrincada rede de roubo e vazamentos para a imprensa de documentos oficiais do Vaticano, um dos maiores escândalos da história recente da Igreja Católica. O responsável pelo vazamento era identificado como "corvo", mais tarde soube-se que se tratava de Paolo Gabriele, 46 anos, o mordomo que servia ao papa, próximo a ponto de ser o responsável por vesti-lo em seus aposentos pontifícios. O teor dos documentos lançava suspeitas sobre complôs na Cúria Romana para esconder supostos desvios de recursos e malversação de fundos da Igreja, e tinha como alvo o cardeal Bertone. Bento XVI se via, então, diante de sua via-crúcis pessoal.
 
Descoberto, Gabriele confessou o crime, foi preso, julgado pela Justiça do Vaticano e condenado a 18 meses de prisão, em 8 de outubro de 2012. O mordomo afirmou que resolvera roubar e divulgar os documentos por julgar que o papa não estava sendo informado do que se passava de errado na Santa Sé. Então, na véspera de Natal, o pontífice octogenário caminhou até o local onde seu antigo assistente pessoal cumpria pena. Sentou-se ao seu lado por quinze minutos e lhe concedeu o perdão. Pessoas próximas dizem que, com esse gesto, Bento XVI sinalizou saber que Gabriele não agia sozinho, era apenas uma peça auxiliar numa rede que desestabilizou seu pontificado.
O cardeal Bertone, um dos personagens do Vatileaks, está presente em quase todos os episódios que levaram ao derradeiro ato de Bento XVI, na segunda-feira 11 - apesar de ser ingênuo pensar que ele é o único ator desse grupo dissidente, que agiu nos bastidores eclesiais para enfraquecer o poder papal. Em 2009, por exemplo, o pontífice alemão nomeou o financista Ettori Gotti Tedeschi, ligado ao movimento conservador Opus Dei, como presidente do Instituto para Obras de Religião (IOR), o Banco do Vaticano. O religioso havia decidido colocar em ordem, definitivamente, as finanças da Santa Sé. Tedeschi bem que tentou. Em 2012, elaborou uma documentação, na qual informava suas descobertas: contas escusas de políticos, construtores e altos funcionários do Estado. Até um chefe da máfia italiana havia colocado seu dinheiro nos cofres do IOR. Não demorou para que o financista de confiança do papa fosse destituído, no mesmo mês em que o mordomo Gabriele foi preso. A operação para derrubá-lo foi comandada por conselheiros do banco, com o aval de Bertone. Não satisfeitos em tirá-lo do cargo, elaboraram um dossiê que destruía Tedeschi pessoal e profissionalmente.
Se a poderosa e intrincada teia de intrigas formada por religiosos de alta patente é a razão para a situação de não governabilidade do 265º pontificado da história da Igreja Católica, a personalidade de Joseph Ratzinger explica a coragem para a renúncia. O maior teólogo da atua­lidade, pensador brilhante, de uma lucidez elogiada até por seus desafetos, o alemão sempre foi conhecido por ser extremamente racional e disciplinado. "Ratzinger é, sobretudo, um intelectual com uma sensibilidade especial para as ideias e a cultura e uma incapacidade e insatisfação para a gestão burocrática. E não é um homem midiático, ainda que se esforce para sê-lo", afirma o vaticanista espanhol Juan Arias.
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Cardeal mais identificado com João Paulo II, o pontífice sempre teve consciên­cia de que foi eleito no calor da comoção da morte do polonês, quando ainda ecoavam os gritos de "Santo Súbito" na Praça de São Pedro. Intimidados, os cardeais votantes no conclave de 2005 preferiram, de alguma forma, manter a administração Wojtyla. Ao se retirar e forçar uma sucessão com o papa vivo, Bento XVI, exclui o componente emocional do luto, eximindo os votantes da continuidade. E ainda pode, como fez em seu discurso de renúncia e na homilia de Cinzas, sugerir pistas de como deveria ser seu substituto - mais novo e com perfil administrador (portanto, menos erudito e introspectivo, como ele próprio). Além de alguém que promova a "renovação verdadeira" na Igreja, algo como um Concílio Vaticano III, como conclamou num encontro com sacerdotes da Diocese de Roma, na quinta-feira 14.
Só um homem em pleno vigor de suas forças poderia tomar uma decisão tão revolucionária e enfrentar acusações como a do cardeal Stanislaw Dziwisz, ex-secretário de João Paulo II, autor da frase "da cruz não se desce" sobre a renúncia. Certamente, ao dizer isso, o cardeal polonês se lembrou de uma entrevista dada por Ratzinger a uma tevê italiana, durante o calvário de João Paulo II, que agonizou diante de seus fiéis. Na ocasião, o então prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé afirmou categoricamente que o papa não podia renunciar. O Senhor é que dá a alguém a responsabilidade de ser papa. Não foram os cardeais que fizeram dele um papa, mas, sim, uma intervenção divina. Ao proferir a frase que foi tão replicada nas redes sociais, Dziwisz pode ter pensado por que agora o religioso alemão havia mudado de ideia. Essa foi apenas mais uma censura sofrida ao longo de seu pontificado. Bento XVI foi duramente criticado por muçulmanos, que chegaram a compará-lo a Hitler, por exemplo. Também foi censurado quando associou o uso de camisinha ao vírus HIV na África. E sai de cena criticado pelas associações de vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes, que apesar de reconhecerem que ele ousou tocar na ferida e pedir desculpas publicamente, não o perdoam por não ter conseguido pôr fim aos casos.
A pontuar essa sequência galopante de disputas internas, escândalos e polêmicas está um religioso que já no seu primeiro discurso como papa combateu o que chamou de "ditadura do relativismo" da atualidade, sempre fez questão de deixar claro que prefere poucos, mas bons católicos e defendeu ferrenhamente a tradição, a doutrina e a moral cristãs, sem a mudança de um versículo sequer. Diante dessa política de gestão, a Igreja foi perdendo fiéis, principalmente na Europa e nas Américas. Mas esse, agora, é um desafio para o próximo papa. A voz frágil de Bento XVI, que ecoou como um grito ensurdecedor na Basílica de São Pedro na quarta-feira 13, tamanha a gravidade de seu discurso, já deu o seu recado.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Para T.



Tocar tua pele nua,
Sentir nela o sabor da lua
Me leva ao gozo, descontroladamente

O pêlo que, raro, se arrepia
Em tua púbis, beleza e heresia
Ante meu toque sutil, desesperadamente

E pela alcova obscura
Emanam fluidos sensuais, luxúria
Que invade meus sentidos, indubitavelmente

Na ânsia de sentir-te, úmida
De saborear tua seiva, culmina
O jorro, na explosão do falo, despudoradamente

Somos dois, feitos de um
Entrelaçados de corpos e lascívia,
Completos e arfantes, apaixonadamente

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Depois da tempestade

A imprensa nacional e internacional deu destaque, durante cerca de uma semana, a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, RS. O que é perfeitamente aceitável e até elogiavel.

Agora, passados vários dias do fato, a ênfase nos noticiários diminuiu, restringindo-se a cobertura da imprensa local sobre as apurações de responsabilidades civis e criminais, a cargo da Policia Civil Gaucha e do Ministério Publico local.

Mas o que eu quero lembrar é que a fase mais importante para a prevenção de futuras tragédias - que é só o que se comenta no momento, vide as vistorias e fechamentos de casas noturnas e estabelecimentos congêneres pais a fora - está em pleno andamento, nas salas mal equipadas e mal iluminadas das Delegacias de Policia e Prefeituras gaúchas, exercida por servidores em sua maioria mal remunerados e desmotivados.

A parte os chefes, delegados, comandantes e lideres que gostam dos holofotes, é das mais e cabeças de anônimos servidores públicos que vao sair as conclusões e medidas preventivas e pedagógicas desejadas pela população.

A imprensa, nesta hora, deixa a desejar quando nao enxerga a importância e relevância destes anônimos que carregam grande responsabilidade. Nao serão lembrados como heróis ou vilões, alias, nem serão reconhecidos, mas serão eles os verdadeiros responsáveis por uma melhoria na segurança dos locais públicos, e nao os políticos ou outros aproveitadores de ocasião.

Rendo aqui minha homenagem a estes profissionais incógnitos e humildes. Deles será o verdadeiro credito no futuro - credito que nunca receberão.